"És só mãe?" - Ser mãe a tempo inteiro - a decisão

21:00

Duas mulheres que à vista têm muito em comum… ambas têm estilos de vida idênticos, dedicam-se aos filhos por completo, atualmente elas são mamãs a tempo inteiro e explicam que nem sempre é fácil.
Uma das mamãs quando soube que estava grávida trabalhava há 8 anos como professora numa escola. Na altura satisfazia-lhe o facto de poder contribuir para o desenvolvimento e bem-estar do grupo de alunos. No entanto, como trabalhava numa escola privada e lá não pagam segundo as tabelas, o ordenado e o número de horas de trabalho era algo que não lhe deixava satisfeita.
Após ter gozado o período de licença alargada despediu-se. “Por questões profissionais do meu marido iríamos mudar de país, e viver fora durante pelo menos um ano. Não achamos de todo viável eu continuar em Portugal com a nossa filha e ele trabalhar fora. Então decidimos que iríamos os 3 para fora.”
O peso da decisão foi o facto de a família estar como prioridade em tudo. A decisão foi tomada com tranquilidade e consenso e com a certeza que era o melhor para a filha.
“A decisão de um despedimento nunca é tomada de ânimo leve, principalmente quando se tem um filho e consequentemente mais encargos… como prós pesaram, o estarmos os 3 juntos, o poder acompanhar, o crescimento da minha filha de uma frase crucial, acompanhar o meu marido num projeto profissional “duro”. O contra é a parte financeira porque é menos ordenado.”
“Atualmente, não se considera só mãe, são muitas tarefas a gerir em casa. “Sou dona de casa: tenho de gerir todo o orçamento do lar (contas da casa, gastos do supermercado, atividades musicais/motoras, extras como livros, roupas, idas ao teatro, entre outros).”
Mesmo tendo o seu tempo todo dedicado às tarefas da casa e à família, continua a estar ativa profissionalmente, a ler bastantes artigos sobre área para continuar informada.
Afirma que o facto de ser mãe a tempo inteiro acabou por trazer mais estabilidade à família e felicidade também. Ao estar inteiramente disponível para a família facilita o horário e organização das refeições, das tarefas, entre outros. O ter mais tempo dá a possibilidade de fazer compras de supermercado mais conscientes para poupar. “Essas poupanças são canalizadas para experiências ou momentos a 3.”
Nem tudo é um mar de rosas. “Sinto falta do “meu” ordenado ao fim do mês. Infelizmente, o dinheiro hoje em dia tornou-se um bem essencial.”
Não descarta a hipótese de voltar ao mercado de trabalho porque a filha precisa de frequentar a creche a tempo inteiro e para além disso o custo da creche é elevado e precisam de entrar mais rendimentos em casa.
A outra mamã confidenciou que foi despedida enquanto estava grávida, ela trabalha em comércio e gostava muito do que fazia o que não lhe satisfazia era os horários.
O marido sempre teve um trabalho desgastante e tanto pode estar uma semana sem trabalho como dias sem dormir por excesso dele. Acaba por viajar imenso, muitas viagens dele é para os EUA e fica várias semanas fora. “Como não temos grande apoio familiar, achamos que a melhor solução seria então ficar em casa.”
A decisão de ser mãe a tempo inteiro foi algo bem ponderado e que inicialmente quem sugeriu foi o marido. Inicialmente a mamã ficou bastante reticente. “Só de pensar que podia ver a minha filha a crescer, não perder um único momento não tem preço.”
Em contrapartida, a família pensa que não quer trabalhar e quer viver às custas do marido.
Não troca a oportunidade de ter acompanhado todos os momentos da filha por nada, mas infelizmente nem tudo são vantagens. “Os contras no topo da lista sem dúvida é a vida financeira. O desgaste do casal pelo menos para nós estando os dois em casa.
“Ao princípio é um sonho cor de rosa, apesar de nova rotina depois vem um pouco o desgaste, o sentir me exausta, a falta de tempo para mim mesma. Isto soa muito egoísta. Pois tomara a muitas mães terem esta oportunidade. Mas na minha experiência é preciso muita força. Abdiquei de tudo para unicamente ser mãe, dona de casa e esposa. Agora já lido e já vou gerindo de outra maneira. Torna-se tudo mais leve. A idade dela também é outra e temos rotinas só nossas muito girly.”
Para além de ter uma paixão enorme pela sua filha, tem também, pela costura criativa em que a fez espairecer e começou inicialmente a fazer para oferecer apenas a amigos e a familiares e agora partilha com o resto do mundo.
Quando a filha tiver uma idade mais independente não descarta a hipótese de, também, voltar a trabalhar.
O que sente mais falta é de dormir até não apetecer mais, no entanto, não se cansa de reforçar que a vantagem de ser mãe a tempo inteiro é viver ao máximo o crescimento da filha.




O blog não é só meu. Nunca foi e não tenciono que seja. Por isso mesmo, depois de muita pesquisa, de falar com muita gente, de entrar em muitas casas, corações e histórias, partilho convosco uma série de entrevistas feitas a outras mulheres. Com diversas temáticas, tentei ir de encontro às menos faladas. Como é ser mãe e pai? Como se lida com um aborto? Como se vive a infertilidade? O espaço é nosso... e é no nosso espaço que estas emoções virão à flor da pele.

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