Não me consegui sentir uma grávida feliz

21:00

O blog não é só meu. Nunca foi e não tenciono que seja. Por isso mesmo, depois de muita pesquisa, de falar com muita gente, de entrar em muitas casas, corações e histórias, partilho convosco uma série de entrevistas feitas a outras mulheres. Com diversas temáticas, tentei ir de encontro às menos faladas. Como é ser mãe e pai? Como se lida com um aborto? Como se vive a infertilidade? O espaço é nosso... e é no nosso espaço que estas emoções virão à flor da pele.

"Quando soube que estava grávida já estava separada do seu companheiro. Foi uma
gravidez não planeada, descobriu quando estava de 12 semanas. O seu trabalho estava a
requerer muito esforço físico e quando recorda podia ter resultado num aborto se não tivesse
sabido na hora certa.
A gravidez não foi fácil, o sistema nervoso era algo constante nessa fase. “Não me
conseguia sentir uma grávida feliz.” Após o teste achou por bem recorrer a uma maternidade
para garantir se estava tudo bem. Ligou ao seu ex-companheiro para lhe dar a notícia e nesse
momento percebeu automaticamente que ia ser mãe e pai devido à reação.
“Quando informei o pai, foi-me questionado quando seria o aborto. Sofri muito pelos
boatos por eles lançados, pelas ações dele, por ter de fazer consultas e ecos acompanhada
sempre pela minha mãe, por ele nunca ter participado e nunca ter tido a intenção de ser
presente. Sofri ainda mais quando percebi que a paternidade, para ele, era mais uma conta
para pagar.”
Revê-se na palavra “pãe” e diz que todas as mães que passam pelo mesmo o são, ou
seja, a todas que assumem a parentalidade pelos dois. Ser mãe é difícil por natureza. Para
além disso, ela castigava-se e exigia muito de si, pois sentia necessidade de compensar
constantemente a filha pela falta do pai. Com o passar do tempo acabou por se esquecer de
ela própria e por a filha sempre em primeiro lugar.
“Só no último ano consegui ser a Catarina mulher e não a Catarina mãe, que deve
deixar de ser mulher e de realizar os seus sonhos e objetivos.”
Afirma que tudo se torna mais difícil quando está sozinha mas a força que tem tido até
hoje vai buscar ao filho “consegui ter um sperpower de criar um ser humano tão bonito,
passando por muito sufoco sozinha”.
“Vivo constantemente a sentir na pele a diferença em relação aos outros meninos
porque a “mamã vem sempre buscar-me e eu queria o papá”, “porque é que o papá não
vem?”, porque “queria que o papá morasse connosco”.
Tendo um filho feliz e como sempre sonhou há sempre algo que lhe continua a faltar, a
presença de um pai em relação ao filho. Com o filho a crescer há cada vez mais coisas a decidir
e ponderar, digo isto porque a mãe sente que o pai é importante para “discutir” a educação do
filho, a escola, o médico, entre outros. “É muito difícil ter de decidir tudo sozinha, sempre.”
“Sinto falta de algo que nunca tive, a presença e o compromisso dele relativamente ao
filho.”
Hoje assume estar feliz e diz ter uma família unida, neste momento tem um
relacionamento saudável que acabou por trazer felicidade não só a ela mas, também, ao filho.
“Graças ao bom Deus, tenho um namorado incrível que ama tanto o meu filho como me ama a
mim e que lhe transmite amor, carinho e amizade e que tenta ajudar-me o mais possível. Fico
imensamente feliz quando ele me diz que sou uma mãe incrível e que faço um trabalho
extraordinário com o meu príncipe. Algo que devia ser o pai a fazer. Mas nunca pior… Tudo

pelo meu amor!”

Mãe E Filha, Mãe, Filha, Azul, Criança, Amor, Mulher

You Might Also Like

0 comentários